
Certamente que a imprensa nacional, de nariz torcido por Cuiabá ser uma das sedes da Copa 2014, vai descer o malho, com razões de sobra e sem dó, diante das péssimas condições do gramado do Dutrinha, o cartão-postal cuiabano da avacalhação. Gramado esburacado e lamacento, vestiários imundos e bancos de reservas tipo miniestádio de periferia são o conjunto da tragédia, resultado da ação dos espíritos-de-porco com indumentária e pose de gestores.
As promessas ululantes feitas pelo prefeito Chico Galindo com o presidente da Câmara Municipal, que foi prefeito tampão, Júlio Pinheiro, a tira-colo ,de que o Dutra – que passou ao comando da Prefeitura de Cuiabá – receberia melhorias e, mesmo pequeno, seria um estádio à altura do estadual, da Copa do Brasil e do Brasileiro, ficaram nas entranhas da demagogia, do cinismo, da dormência e da mentira!
Não fossem apenas as chuvas que caem impiedosas e a falta de trato do gramado pela Secretaria Municipal de Esportes e Cidadania (Smec), o próprio secretário municipal do setor, João Bosco da Cruz, promove jogos amadores pelas manhãs – com jogos do Estadual agendados para a tarde – no já combalido Dutrinha.
As partidas do “Peladão” promovidas pelo sr. Bosco, sob a égide de pretensões político-eleitorais do seus padrinhos políticos, poderiam ser levadas para os bairros, o que, razoalmente, seria melhor, pouparia o agonizante estádio, e até dá mais votos. Essa situação me soa como o poema de Augusto dos Anjos, onde “a mão que afaga é a mesma que dá o tapa, ou a boca que beija é a mesma que escarra”.
Em meio à transmissão dos jogos oficiais pela Rádio CBN, Industrial e outras, ouve-se de tudo, queixas e críticas sobre o estádio em penúria, enquanto a Smec acaba com o gramado em jogos de amigos do secretário e de militares que fazem partidas todos os dias, ao cair da tarde, mesmo em vésperas de jogos do Estadual.
O Dutra tem um gramado que é o nosso tapete da vergonha, da desídia, da incúria. E o prefeito, gestor de reconhecimento, neste caso está alheio a tudo. E não faz nada…!
Quando a Portuguesa de Desportos (e outros clubes das Séries C e D) aqui aportar vai ter a pior impressão possível do nosso futebol, quando deveria ter essa imagem desse cordel de embromadores e incapazes que não se dignam nem ao mesmo a cuidar da única praça oficial do nosso futebol. Milton Neves, Juca Kfouri, Flávio Prado e outros cronistas e jornalistas esportivos contumazes carnífices de Cuiabá (quando se trata de futebol) se fartarão, em regalo, assim que as imagens do Dutra correrem Brasil afora quando da partida Portuguesa x Cuiabá pela Copa do Brasil.
Como os técnicos e jogadores que conhecem outras praças e relacionam o Dutrinha a um campo de várzea malcuidado, e o chamam de vergonha, isso não nos estranha, posto que há dinheiro, orçamento, condições para que se faça alguma coisa pelo Dutra até que a Arena Pantanal fique pronta (?).
O que nos devora também é o fato de que os clubes, o torcedores e a nossa população estejam entregues ao sabor de quem promove o caos, à inépcia de quem poderia fazer, mas não faz, e à indiferença ao embaraço impostos a quem ama o futebol e sofre a dor, como um corte, pelo total e criminoso abandono.
Que (falta de) vergonha!
Fonte:Jorge Maciel é jornalista em Cuiabá, editor do site Futebol Press e Site SportSinop
Foto: Redação/SportSinop